quinta-feira, 5 de julho de 2007

Centro Integrado de Protótipos, Biofármacos e Reativos do País

BNDES libera R$ 30 mi para fábrica de vacina e medicamento
Banco também reduz de 6% para 4,5% os juros para setor farmacêutico


O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e o presidente do BNDES,
Luciano Coutinho, participaram ontem de cerimônia de concessão de R$
30 milhões de recursos do banco para a Fundação Oswaldo Cruz, que está
construindo o primeiro Centro Integrado de Protótipos, Biofármacos e
Reativos para Diagnóstico Laboratorial (CIPBR) no País.

A infra-estrutura que será instalada nos laboratórios do complexo de
Bio-Manguinhos será um elo entre a bancada de pesquisa e a produção em
larga escala, economizando de um a dois anos entre o início e o
término desse processo.

A inauguração da fábrica de vacinas e biomedicamentos está prevista
para meados de 2009. O restante dos R$ 106 milhões é do Ministério da
Saúde.

Inicialmente, a nova fábrica irá produzir a eritropoetina, usada no
tratamento de anemias graves, associadas à doença renal crônica,
câncer e aids, e o interferon alfa 2b, utilizado no tratamento de
hepatites virais. A estimativa é de que, ainda nos primeiros meses de
funcionamento, o centro integrado seja capaz de suprir a demanda
interna por esses remédios, que hoje são comprados de multinacionais.

A eritropoetina e o interferon fazem parte da lista de medicamentos
excepcionais do Ministério da Saúde, com os quais o governo gasta
cerca de R$ 1 bilhão por ano. Além deles, algumas vacinas que já vêm
sendo desenvolvidas na Fiocruz, como a de pneumococos, contra a
pneumonia, e a de meningite B serão testadas e colocadas mais
rapidamente no mercado. A nova fábrica também terá capacidade de
produzir em maior escala kits de diagnóstico para doenças como dengue
e o teste rápido de HIV, que já são fabricados em Bio-Manguinhos.

Segundo Temporão, a construção do centro integrado faz parte da
política social do governo, que pretende aumentar o poder de compra do
Ministério da Saúde junto aos grandes laboratórios, substituindo as
importações pela produção de conhecimento tecnológico. "O BNDES terá
um grande papel na consolidação da saúde como um campo de investimento
e produção de riqueza", disse o ministro. Ele também informou a
intenção de abrir as portas para qualquer empresa que queira fazer
parceria com a Fiocruz a fim de transferir tecnologia.

LINHA DE CRÉDITO

Durante a cerimônia, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho,
anunciou a redução os juros para financiamentos ao setor farmacêutico
- de 6% ao ano para 4,5%. Segundo ele, a queda engloba os projetos
aprovados no Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva
Farmacêutica (Pró-Farma), criado em 2004 e que até o momento acumula
gastos de R$ 935 milhões. Coutinho disse que a expectativa é dobrar
esse volume nos próximos dois anos.

Para o presidente do BNDES, o desenvolvimento do setor farmacêutico
é fundamental para o crescimento econômico do País.
Fabiana Cimieri, RIO
COLABOROU JACQUELINE FARID

www.estadao.com.br