sábado, 12 de setembro de 2009

Bulas terão letras maiores e serão específicas para pacientes e profissionais da saúde

Saúde // Norma
Bulas terão letras maiores e serão específicas para pacientes e profissionais da saúde
Publicado em 09.09.2009, às 18h53
A resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicada nesta quarta-feira (9) no Diário Oficial da União determina que todos os medicamentos deverão ter duas versões da bula, uma para o paciente e outra para os profissionais da saúde. A nova norma também determina o aumento do tamanho da letra e obriga os laboratórios a oferecerem modelos de bula para deficientes visuais.“A bula do paciente terá uma linguagem mais didática”, afirmou Tatiana Lowande, gerente-geral de Medicamentos da Anvisa. As bulas também estarão disponíveis na internet, no bulário eletrônico da Anvisa.

O subgerente de uma farmácia, em Brasília, Leonardo da Costa Romualdo, disse que, eventualmente, recebe reclamações de consumidores que não entendem a bula. “Acontece, em especial, porque a bula vem em uma linguagem técnica. Facilitaria também aumentar o tamanho”, afirmou. A enfermeira aposentada, Maria das Graças Carvalho Pereira também considera positiva a a decisão da Anvisa em aumentar o tamanho da letra na bula.“Acho que as letras tem que ser maiores, e a linguagem mais simples”, disse.

De acordo com a resoluçao da Anvisa, a bula será organizada na forma de perguntas e respostas, explicando a função terapêutica do medicamento, quando não deve ser usado e o que fazer em caso de super-dosagem, por exemplo. Ela ainda deverá conter o alerta para atletas quanto à potencialidade em causar doping e expor de forma mais clara a idade mínima para o seu uso. A resolução determina ainda o tamanho mínimo obrigatório da letra das bulas (fonte Times New Roman com tamanho mínimo de 10 pontos).

Os pacientes com deficiência visual poderão solicitar ao serviço de atendimento ao cliente (SAC), do laboratório farmacêutico, a bula em formato especial, impressas em braile ou em formato digital, por exemplo. Os fabricantes terão dez dias após a solicitação para enviá-las gratuitamente.

Os fabricantes terão 180 dias, a partir de hoje, para enviar os novos modelos de bula para a Anvisa e, depois da aprovação, mais 90 dias para disponibilizar os medicamentos com as novas bulas.

De acordo com o diretor-presidente da Anvisa, Dirdeu Raposo, com exceção dos genéricos e similares, que devem adotar o modelo do medicamento de referência (podendo diferir quanto a informações específicas dos produtos, como composição e prazo de validade, por exemplo), todos os medicamentos terão que conter na sua embalagem o novo modelo de bula.

Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Bom humor para abordar um tema sério!

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE Editoria: CIDADES 09/SETEMBRO/09

Radionovela feita por alunos do ensino médio do Centro Educacional 03, do Guará II, ganha espaço e é veiculada pela Rádio Justiça, emissora vencedora de uma premiação internacional promovida pelo Unicef

Mara Puljiz


As eleições presidenciais se aproximam e não é só gente grande que se preocupa com eventuais maus políticos candidatos a uma vaga no Congresso Nacional. Cansado do famoso "eu prometo", um grupo de 20 alunos do Centro Educacional 03 do Guará II resolveu protestar. Em uma radionovela (1)chamada Fubasada da Guariroba, eles denunciam de modo sarcástico as mazelas do poder público e questionam a garantia de direitos humanos em relação à saúde, à educação, ao esporte e ao lazer. O produto é uma das peças escolhidas pela Rádio Justiça, vencedora do prêmio International Children's Day of Broadcasting - ICDB (Dia Internacional da Criança na Mídia), promovido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância(Unicef). A premiação será em novembro, em Nova York (EUA).


Mais de 200 gravações de jovens da rede pública de ensino que cumprem medida socioeducativa nos centros de internação do DF foram selecionadas. Entre elas havia poesias, músicas e radiojornais elaborados dentro do tema Unidos pela infância: em sintonia com as crianças. Toda a produção foi coordenada e veiculada pela Rádio Justiça em março deste ano, com enfoque voltado para o exercício da cidadania e garantia dos direitos fundamentais do ser humano. A radionovela produzida pelos alunos do CED 03 - local também conhecido como "Centrão"- relata a trajetória de Romildo Dantas, um político que vence as eleições na cidade de Guariroba com falsas promessas de campanha. Depois que ele cumpre quatro anos de mandato, a população, encarada como "fubasada", ou ralé, se revolta com as mentiras e o faz perder as eleições seguintes.


Toda gravação foi feita de modo descontraído, mas, para produzir a radionovela, os jovens tiveram de se esforçar. Foram dois bimestres entre produção de texto e gravação do programa em um estúdio de rádio cedido por uma faculdade particular. "A gente não sabia direito como fazer, mas depois passamos a gostar da ideia e foi tudo muito divertido", disse o estudante do 2º ano do ensino médio Sebastião da Silva Júnior, de 16 anos. Ele e a colega de sala Jussara Siqueira, da mesma idade, foram os roteiristas do programa destinado a fazer uma crítica aos políticos corruptos que desviam dinheiro público em benefício próprio, em vez de investir em uma educação de qualidade, saúde e lazer para a comunidade.


Uma das características a destacar esse trabalho na seleção final foi justamente a abordagem da corrupção. "Acho que conseguimos plantar a consciência política aqui na escola", acredita Sebastião. "Usamos uma linguagem do povão para não ficar aquela coisa formal e chata de se ouvir", resumiu a colega Carolina Carvalho Rodrigues, 16 anos. Para Cândida Vieira, professora de múltiplas linguagens e coordenadora do projeto na escola, a proposta era retratar o respeito ou desrespeito aos direitos humanos. Em foco, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento das Nações Unidas que completou 60 anos em 2008. A partir disso, os estudantes fizeram os trabalhos com base nos artigos previstos na lei. "Eles passaram a observar que, embora exista a Declaração dos Direitos Humanos, ela nem sempre é respeitada. A gente fica muito feliz quando um trabalho desta natureza extrapola os muros da escola", destacou Cândida.


Conscientização


Segundo a coordenadora da Rádio Justiça, Madeleine Lacsko, abordagens com esse viés são fundamentais para fomentar debates sobre os problemas da população, de modo geral. "A mídia pública tem obrigação de abrir espaço para os jovens. Fiquei muito impressionada com as ideias que eles tinham e achei que os trabalhos superaram as expectativas", avaliou. Madeleine irá receber o prêmio pela Rádio Justiça em novembro, durante cerimônia na sede das Nações Unidas, em Nova York. A emissora ganhou o prêmio regional e foi escolhida pelo Unicef como a que tinha a melhor programação entre as da América Latina e Caribe em 1º de março deste ano, quando foi comemorado o Dia Internacional da Criança na Mídia. "Achei que nossa programação era boa, mas não esperávamos ganhar porque concorremos com todas as rádios educativas do continente. Foi uma surpresa", admitiu Madeleine.
Waldir Pedrosa Amorim