AMIZADE
Ao amigo Derval
Magalhães.
Amizade
É liga que não ata,
lenitivo
que não consome.
É resina.
Brota
do puro lenho
graça da convivência.
Ocorre sutil, livre,
ouvidos, acolhedores,
boca sincera,
olhos contemplativos,
sentidos inexpugnáveis.
Amizade,
não é contingência parental,
nem qualquer outra,
sob a qual,
classifiquem-se os porquês,
dos traços de união,
hifens e ligames.
O estado de amigo,
não é contratual,
prescinde de quase tudo:
tempo lógico,
dialético,
geográfico,
existencial...
Amizade é um amor distinto,
dos encontrados pela vida.
Não requer defini-lo, emoldura-lo.
Poucos os amigos?
−Acontece o que devia acontecer.
Perdi um amigo para a morte?
−Entristeço-me, choro, enluto-me.
Mas inda assim,
me permanece presente.
Nunca findarei de explorar
o que me significou.
Para inexistência física,
parece que perdemos,
o verdadeiro amigo,
que não perdemos.
Waldir Pedrosa Amorim, Em João Pessoa
08/12/16