Cada estado da federação deve, pode e necessita estabelecer uma política estadual para o controle e prevenção das Hepatites Virais, em consonância com o Programa Nacional de Hepatites Virais do Ministério da Saúde, porém não necessariamente atrelado a este quando se trata de peculiaridades locais ou quando se analisa caso a caso.
Neste particular existem estados brasileiros cujas secretarias de saúde entendendo a necessidade de melhor cuidar da saúde de sua população estabeleceram protocolos estaduais de tratamento e possuem uma política de assistência elaborada para todo o estado. Não apenas para tratar, pois as hepatites exigem esforços e decisões onde o tratamento é apenas um item.
O organismo para tal empreitada é a Coordenação Estadual de Hepatites trabalhando articulada com as coordenações municipais e tendo como órgão consultivo um Comitê Estadual com poderes e liberdade para opinar e em cuja composição estejam representadas as sociedades médicas das especialidades que lidam com as hepatites ( via de regra, Infectologia e Hepatologia), juntamente com outras que se julguem necessárias, como farmaceuticos, enfermeiros, sanitaristas, hemoterapeutas, assistentes socias, vigilancia sanitária, epidemiologia, etc.
Ainda representados devem se encontrar as unidades que lidam com o diagnóstico, como os LACENS, as unidades públicas de referência para tratamento como os hospitais universitários e os hospitais de doenças infecto contagiosas.
A representação das organizações da sociedade civil é prevista através das ONGs que atuam na área e, ao nosso ver caberia a representação das ONGs que trabalham na área de Doenças Sexualmente Transmissíveis e HIV, devido à similitude de problemas e de ações, além das coinfecções(HIV/HCV/HBV) serem uma interface multidisciplinar.
Óbvio que deve ter assento neste comitê outras representações internas à SES, como NUSESP, a coordenadoria das hepatites e o próprio secretário de saúde.
Este Comitê que não é remunerado e nem deve sê-lo, terá que possuir uma mínima infra estrutura, como uma sala de reuniões, um órgão de apoio que sirva como secretaria e seja ponto de convergencia. Um funcionário para secretariar, além de um mínimo material de escritório e guarda de atas, processos etc.
Deve criar um cronograma de trabalho, um calendário pré estabelecido de reuniões e eleger uma coordenação.
Deve estabelecer inicialmente um protocolo para tratamento, nele prevendo os casos excepcionais, as medicações coadjuvantes e prevendo a análise de processos que fogem ao alcance do previsível. Por este ser um gargalo do atual sistema.
Deve centrar suas ações num diagnóstico da situação e num levantamento dos recursos humanos e estruturas que possui o estado. Tarefa fácil por duas razões: já foi realizada pelo comitê que existia e foi dissolvido, já foi apresentada no conselho estadual de saúde.
Como terá que partir do zero, diagnosticar o nada só se resolve planejando o porvir.
O porvir só surgirá com a garantia de que os planejamentos serão em princípio executados.
O cerne das açoes globais, aplicáveis todo o estado, deve basear-se em linhas mestras que envolvem:
- Programa de educação continuada para profissionais de saude.
- Prevenção em sentido amplo ( educação, campanhas, articulação com a sociedade civil, ONGs, medidas de redução de danos, vigilancia sanitária, articulação inter-institucional, elaboraçào e execução de projetos etc)
- Testagem e Aconselhamento
- Diagnóstico
- Tratamento
Estas ações devem ser simultâneas, pois as necessidades de saúde não deixarão de existir e se avolumar.
Devem ser estabelecidas metas de curto médio e longo prazo.
Devem ser criados mecanismos de avaliação que contemplem indicadores fidedígnos das etapas do processo.
Deve-se corrigir distorções e descobertas no percusso.
Deve-se ter visão de futuro.
Este processo, tal qual a febre amarela, a varíola, a poliomielite é longo, porém gratificante para quem tem compromisso com sua gente.
Waldir Pedrosa Amorim
médico hepatologista
Presidente da ONG Confiantes no Futuro
Nenhum comentário:
Postar um comentário