quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Desigualdade em fila de transplante

Espera por procedimento pode levar 20 anos em Estados do Nordeste
Fonte: ZERO HORA.COM Porto Alegre 13-01-08
Data do acesso: 23 de Janeiro de 2008

É desigual o acesso dos brasileiros aos transplantes de órgãos. Enquanto a espera por um fígado pode durar mais de oito anos na Bahia, para os pacientes com maior urgência em São Paulo esse tempo não passa de um. No Rio Grande do Sul, um receptor passa em média dois anos esperando por um coração. No Pará, isso pode durar três vezes mais.Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) aponta, a partir de análises estatísticas, os tempos máximos e mínimos para realização de transplantes nos Estados. Com dados de 2004 a 2006, do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), o estudo revela esperas de mais de 20 anos por um rim na Paraíba ou por uma córnea no Amazonas.- Quando você encontra dados como 28 anos (tempo máximo de espera por um rim no Rio Grande do Norte), isso significa que as pessoas não foram operadas ali. Ou morreram na fila ou fizeram a operação em outro lugar - diz o economista Alexandre Marinho, um dos autores da pesquisa.Há uma clara relação entre o número de equipes de transplantes por Estado e as operações realizadas. Uma das conclusões dos pesquisadores é que, assim como o Sistema Único de Saúde (SUS), o SNT - segundo maior do mundo, com gastos de mais de R$ 500 milhões por ano - também apresenta enormes desigualdades.Em 2006, 63.975 pessoas estavam na fila de espera no Brasil. Naquele ano, 14.098 transplantes foram realizados no país (10.676, ou 75,7%, nas regiões Sul e Sudeste). São Paulo aparece no topo da lista com 6.433 procedimentos. O resto do país fez 7.665 operações. A produtividade das 603 equipes cadastradas pelo SNT está entre as mais altas do país. Do lado de baixo da lista aparecem Alagoas, com 43 procedimentos, e Mato Grosso, com 40.A dificuldade em conseguir um órgão faz com que os pacientes abandonem seus Estados à procura da cirurgia no Sul e Sudeste. - Quando uma pessoa se desloca do Amazonas para o Rio Grande do Sul, isso tem um custo para o sistema e para o bem-estar desse paciente - diz Marinho.O coordenador do SNT, Abrahão Salomão Filho, diz que uma solução deve sair do papel em breve. O projeto de lei que cria as brigadas de procura de órgãos nos Estados pode ser aprovado pelo ministro José Gomes Temporão ainda neste começo de ano.

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