Grupo de Apoio a Portadores de Hepatites e Transplantados de Fígado. Suas ações são sobre a forma de voluntariado. Os recursos materiais são provenientes de campanhas e doações. Sua denominação deve-se a confiança e a fé de que podemos construir uma sociedade mais justa, exercendo a cidadania através do controle social. Lutamos para que o governo assuma a sua responsabilidade constitucional, que é de assegurar e promover a saúde da população.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Eric Jenner Rosas um médico paraibano cuja trajetória profissional, política e intelectual está intimamente vinculada à criação do SUS e à democracia.
"Memorial Dr. Eric Jenner Rosas
(*27/12/1949 - † 26/06/2001)
Eric Jenner Rosas nasceu em João Pessoa, Paraíba em 27 de dezembro de 1949.
Começou a estudar medicina em 1968, tendo se formado em 1973, na Universidade Federal da Paraíba.
Fez o internato na Dinamarca em 1972 e retornou ao Brasil para fazer residência em Cirurgia Geral, no Hospital dos Servidores do Estado no Rio de Janeiro.
A partir daí, abraça a saúde pública e dela nunca mais se separa.
Participou como pesquisador do PESES - Programa de Estudos Socioeconômicos em Saúde em 1976.
Fez mestrado na Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz em 1979 com a tese defendida em 1981 – “A extensão da cobertura dos serviços de saúde no Brasil: Programa de Interiorização de Ações de Saúde e Saneamento - PIASS; análise de uma experiência”.
Em 1977, ajudou a estruturar no Rio de Janeiro o núcleo do Centro Brasileiro de Estudos sobre Saúde - CEBES, fundado por David Capistrano, em São Paulo, no ano anterior. Participou do Movimento de Renovação Médica do Rio de Janeiro que deu uma sacudida nas estruturas profissionais da corporação e de lá se expandiu para todo o país.
Assumiu desde o final da década de 1970 um visceral e completo compromisso com a transformação do sistema de saúde brasileiro e com a democracia. Viveu a época das utopias com dedicação e persistência.
Participou e teve um papel fundamental na organização, em 1979, do Seminário de Política de Saúde da Câmara, cujo relatório Saúde e Democracia consolidou a agenda da reforma sanitária para os dez anos seguintes."
Junto com Eleutério Rodriguez Neto, José Gomes Temporão, Sonia Fleury e Sérgio Arouca, assumiu a direção nacional do CEBES e foi o seu presidente de 1978 a 1981.
Em 1982, participou do projeto “Medicina Comunitária no Brasil”.
Em 1985, com a Nova Republica veio para Brasília onde trabalhou com Eduardo Kertz no Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN). Participou da estruturação do Núcleo de Saúde Coletiva da UnB.
Foi assessor legislativo no gabinete do Deputado Sérgio Arouca.
Em 1985 foi consultor do Instituto de Estudos Sócio Econômico INESC
Participou da VII e da VIII Conferencia Nacional de Saúde, a última na condição de presidente da Comissão Organizadora e de relator.
Participou do II Seminário Internacional de atuação Primária á Saúde realizado em Cuba de 13 a 19 de novembro de 1988.
Em 1989 integrou a Equipe de Coordenação do Grupo de Assessoramento para a Elaboração de Legislação Ordinária sobre a Seguridade Social Pós Constituinte como Coordenador do grupo de trabalho “Ciência e Tecnologia, Equipamentos, Insumos e Assistência Farmacêutica”.
Em 1989, participou também, do anteprojeto denominado Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde concebido pelo Núcleo de Estudos em Saúde Pública.
Publicou em dezembro de 1994 na revista Saúde em Debate o artigo “A Vigilância Sanitária em crise”.
Eric Jenner Rosas faleceu em Brasília em 26 de junho de 2001.
A sua trajetória profissional, política e intelectual está intimamente vinculada à criação do SUS. Conforme o julgamento qualificado do sanitarista Sérgio Arouca, que o conhecia bem: “Se nossas lutas pela Reforma Sanitária Brasileira tiveram êxitos, grande parte do mérito cabe a esse militante silencioso. Como disse Ferreira Gullar sobre o PCB, quando contarem a história e não disserem isso, estarão mentindo”.
Fonte:enviado por Rosalina Jenner Rosas via email.
Certas palavras: Tive a ventura de conhecer Éric, ainda quando eu residia em Recife e ele em João Pessoa. Preparo um texto sobre os reflexos desta convivência.
A importância desta homenagem, para além da memória a um cidadão comprometido com os ideários de dignidade humana, que um sistema de saúde mais justo pode operar, deve realçar a importância do poder, que, a sociedade civil organizada possui, como protagonista, na construção e defesa do Sistema Único de Saúde. Aspiração vislumbrada por muitos homens e mulheres valiosos, para o que, muitas vezes dedicaram toda uma vida.
Que não deixemos de relembrar nossos combatentes, de possuirmos a necessidade justa de comemorar os nossos avanços no campo social, sabendo que devemos capitalizá-los e empreender continuamente aperfeiçoamentos e novas conquistas.
Entendo que o maior engenho do SUS é a plasticidade que enseja, quando tornado dialético e dinâmico, quando bem utilizado e gerenciado, desde que as forças sociais não o deixem caducar ou desvirtuar-se por falta do seu contrôle.
Se lamentamos a contingência humana que não permite que pessoas como Dr. Éric Jenner Rosas, Dr. Sérgio Arouca, Dr. Carlos Gentile de Melo, Dr. David Capristano e tantos não o possam avaliar e intervir no aqui e no agora; temos por outro lado como certeza, que, nenhuma grande ideia prossegue sem que se cuide de forjar seguidores.
Assim é a vida.
Waldir Pedrosa Amorim